Portrait 3- Mario de Aratanha

*ps: esse portrait vem carregado de significados e já começa com um ps*. Pra quem não sabe, sou casada com o retratado e portanto é impossível fazer um retrato imparcial. Peço desculpas por isso.

Mario de Aratanha. Depois do Barão, ele é o segundo responsável pela exposição 6x Albano. Explico: havia umas atitudes na nossa convivência(lá se vão 21 anos) que me deixavam com a pulga atrás da orelha. Eu costumava chamar de "aratanhices" mas com o tempo, descobri que são "albanices". Fui atrás das origens. E encontrei muito mais. Entre os Albanos, muitos são fotógrafos, arquitetos, designers, gente que atua na moda. Uma maneira meio Caymmi de olhar a vida, uma alegria de viver. Isso é o Mario, uma pessoa que vive no estado da arte. Portanto, em outro mundo. O Mario começou cedo com a fotografia, com Dom Irineu, um padre do Colégio São Bento do Rio, onde ele estudou. Depois, teve a convivência com o José Albano, o laboratório dentro de casa, a ajuda e primeiro passos aos irmãos na fotografia. Foi do grupo da Urca, que reunia grandes gravuristas, como Teresa Miranda, Marilia Rodrigues. Fez seu primeiros experimentos com fotos ali, onde a foto era uma base para outra criação. Expôs no Salão Nacional de Artes Plásticas. Como era um homem das artes, saiu pela tangente e foi fazer jornalismo. Arte no jornalismo. Foi fundador e editor da histórica revista Malasartes, com Waltercio Caldas, Carlos Vergara, Rubens Gerchman. Foi da Associated Press. Viajou pelos EUA por quase um ano, escrevendo e fotografando matérias que publicava no Jornal do Brasil, onde era coordenador de cultura. Expôs suas fotos ao lado de gente como Evandro Teixeira, Hugo Denizarte, Octales Gonzales, Rubens Barbosa... Até que desceu o São Francisco na também histórica Barca da Cultura, e foi mordido pela cultura brasileira. Largou o jornalismo, trabalhou com o que gosta: produtor no Balé Stagium e tantos outros da dança, produzindo música para artistas internacionais(Piazzolla, Gismonti, paixões explícitas). Dali, criou sua própria gravadora, a Kuarup, e fez história de novo. Ficou na arte da música por 32 anos. Gravou de Villa-Lobos até os legítimos caipiras, gentes e música do Brasil profundo. Ganhou dois Grammys. A crise do disco fez Mario abrir novamente seus olhos para a imagem. Fundou a Cineviola, onde produz e dirige vídeos - a imagem em movimento - a serviço da música(já são 25 em cinco anos). O que quero dizer é que, quando você vê uma foto/vídeo do Mario, você enxerga tudo isso. Eu enxergo. A partir do dia 22 de setembro, tentem ver também e me digam se não estou certa!